sexta-feira, 16 de março de 2012

História de superação de um paraplégico

Superação e muita determinação são as palavras que Jean Kraud nos passa, para encarar a realidade de como deve ser a volta por cima!
São exemplos assim que devemos seguir, temos que está disposto para lutar diante das nossas limitações porque pessoa assim que é fonte de inspiração para continuar em frente... 
“Em janeiro de 1993, vinha da casa de uma amiga no Castelo Branco e passou uma pessoa em um bugre amarelo, atirando para todos os lados e um dos projéteis pegou na minha coluna. Assim que levei o tiro deixei de andar. Em nenhum momento fiquei inconsciente, fiquei lúcido e já veio aquilo na minha cabeça. Quando cheguei na frente do hospital falei: Mãe, acho que não poderei mais surfar, jogar basquete”.
Na época, Jean tinha 19 anos, e cerca de um ano antes havia sido aprovado no concurso da Polícia Militar da Paraíba. Naquele dia estava de folga e por isso não pôde ser reformado com uma patente mais alta. Foi para a reserva como soldado mesmo.
Ele também lembra que foi naquele momento que soube quem eram seus amigos de verdade: “Posso te falar que 95% se afastou, mas os 5% que ficaram até hoje são meus amigos”.
Após deixar o hospital, Jean Klaud foi para Brasília (Hospital Sarah) fazer tratamento com o pensamento de voltar a andar. Contudo, já no primeiro contato com a fisioterapeuta, ao dizer que estava lá para recuperar os movimentos da perna foi questionado:
“Ela falou que foi lá para me reabilitar e fazer, daquilo que fazia antes, o máximo que pudesse, mas não para voltar a andar. Com apenas 19 anos era tudo novo e difícil. Tive que reaprender tudo novamente. Conheci pessoas de todo o país que estavam na mesma situação que eu ou até pior e vi que não era o fim.

A volta por cima através do esporte...
Foi nesse momento que resolvi voltar ao esporte”, passou a praticar basquete em cadeira de rodas no próprio hospital Sarah e reaprendeu tudo: desde calçar um tênis até entrar e sair de um carro.
Cinco meses depois, de volta a João Pessoa, entrou na equipe de basquete da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e cerca de dois anos depois sentiu o peso do preconceito de forma mais dura. Ao questionar o então treinador do time sobre o motivo deles não viajarem para disputar competições, a resposta foi seca:
“Não vamos porque dá trabalho”.
Aquele foi o último dia de treino de Jean pela equipe. Depois disso, nunca mais voltou lá e logo em seguida recebeu um convite para treinar em uma equipe do Recife. Vários atletas seguiram seus passos, deixaram a UFPB e o time acabou. Passou um ano na capital pernambucana e chegou a ser até campeão sul-americano.
De volta a João Pessoa, montou uma microempresa e se instalou de vez na Paraíba. Foi então que em 1998 conheceu Jaílton Miranda em uma oficina realizada no Unipê. Naquele encontro surgiu a idéia de criar uma equipe de basquete em cadeira de rodas na Vila Olímpica Ronaldo Marinho. Jean começou a reunir os jogadores da época em que jogava na UFPB e o projeto cresceu.
Enquanto alguns atletas já estão em quadra realizando o aquecimento antes do início do treino, um outro desce os lances de arquibancada do ginásio da Vila Olímpica Ronaldo Marinho de forma lenta e cadenciada. Sem o movimento das pernas, ele senta no chão e começa a descida dos degraus. Conta apenas com o auxílio de duas almofadas, que ele mesmo alterna entre os degraus para não sujar a roupa. Quando chega ao último, senta-se na cadeira de rodas para o treinamento e se apresenta:

Aos 35 anos, Jean Klaud é jogador da seleção paraibana de basquete em cadeira de rodas e tem no currículo os títulos do Campeonato Brasileiro e Sul-americano, além do Norte-Nordeste, sendo este último invicto. Atualmente, ele se divide entre os treinos no antigo Dede e as atividades na recém-criada Associação Atlética dos Portadores de Deficiência Física (AAPD).
Atualmente, o time treina diariamente no ginásio do Dede e já tem alguns títulos importantes: Campeão do Norte-Nordeste, de forma invicta, e Campeão Brasileiro da Segunda Divisão.
“O esporte representou a vitória. Hoje posso dizer que sou vitorioso, pela minha luta, força de vontade, pelas pessoas que me ajudaram. Foi assim que me mantive até hoje. Como não posso mais andar com as pernas, toco a cadeira e chego onde quero”.
Além disso, aconteceu o fim de um relacionamento de 7 anos de namoro.Talvez ela não tenha assimilado a situação, não entendeu, enfim, acho que houve o desgaste e acabou.
Por outro lado foi bom, pois conheci Katarina.
“No início, as pessoas perguntavam como Katarina namorava um cara em uma cadeira de rodas e ela me defendia. Falavam que eu não poderia ter filhos, que tinha ficado impotente, essas coisas. Hoje temos uma filha(Bruninha) e já estamos pensando em ter outro no ano que vem.
O objetivo agora é ir mais além. Ele é diretor de esportes da AAPD/PB e iniciou uma nova luta: a construção de uma Vila Olímpica adaptada aos paraatletas.
                                                                                                           Andrezza Fiaiz Nº04

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