terça-feira, 20 de março de 2012

Superação de Tetraplégicos

  Sandra Burton nunca sentiria que as dores do parto sinalizando que suas meninas gêmeas estavam prontas para vir no mundo. Era um dos muitos riscos de sua gravidez, e o que mais preocupava seus médicos e mantinha seu marido acordado a noite. Burton é tetraplégica. Um acidente há 20 anos a deixou sem o movimento das pernas e com pouca sensibilidade abaixo do peito.
A vida de Burton mudou em uma manhã de agosto em 1991.
Sandra e seus amigos estavam em uma festa, e no que seria uma brincadeira, seu namorado a empurrou na parte rasa da piscina, e ao bater a cabeça no fundo de cimento, fraturou as vértebras C4 e C5 e quebrou a sua medula espinhal. Ela tinha 17 anos. Duas décadas mais tarde, Burton não quer falar sobre o acidente ou os 12 meses onde passou no hospital aprendendo a viver com sua lesão. “Eu lembro de cada minuto desse ano” diz, com os olhos cheios de lágrimas. “Foi difícil, emocionalmente, fisicamente.” 
Há sete anos, Burton conheceu Frank Whelan. Desde o início achava que era ‘o homem perfeito’ - com quem teria uma família. ‘É um grande homem’, diz ‘tem um grande senso de humor e muito sensível’, que logo também se apaixonou pela mulher com cabelos castanhos e olhos azuis. E se casaram dois anos atrás.
O maior risco para Burton na sua gravidez era uma complicação fisiológica denominada disreflexia autonômica. É uma condição perigosa e relativamente comum em indivíduos com lesões medulares altas, que os impede de sentir dor. 
Quando o corpo precisa comunicar que alguma situação dolorosa está acontecendo, a disreflexia autonômica vai enviar sinais como aumento da pressão arterial, sudorese, espasmos e ansiedade, mas nenhum dos sintomas do trabalho de parto seria sentido. Sandra não sentiria as contrações, outro grande risco, especialmente por gêmeos normalmente nascerem algumas semanas antes do usual.
   Por diversas razões, os médicos tiveram que fazer uma grande incisão vertical na barriga de Burton, perto das costelas.. Geralmente, os cortes cirúrgicos na cesariana são horizontais e perto do osso púbico. O corte vertical causou duas vezes a quantidade normal de sangramento. Mas, depois de algum tempo, as gêmeas nasceram saudáveis, com mais de dois quilos cada uma. À noite, Megan e Emma já estavam em seus berços, ao lado da maca da mãe no hospital.


    Fernanda Fontenele sofreu um acidente de carro em 2003 que a deixou tetraplégica. Não podia mais mover nenhuma parte do corpo abaixo do pescoço. Diante da nova realidade, Fernanda frequentou centros de reabilitação, importantes para o entendimento e para a adaptação à sua condição.
Felipe Costa sofreu um acidente de carro em 2008 e também ficou tetraplégico. Também em busca de recuperação, ficou três meses em uma clínica em Detroit, nos EUA. Mas ambos encontraram no programa Project Walk (Projeto Andar) o que entendem como o melhor que existe na recuperação de lesão na medula óssea.
De volta ao Brasil, os dois resolveram que era hora de trazer o método utilizado no Project Walk para o País. "A idéia surgiu após um bate-papo com o fundador do método, Ted Dardzinski. Discutimos a importância de o Brasil ter um tratamento inovador e específico pros lesionados medulares. Ele disse que deveríamos abrir algo aqui", conta Fernanda.
Assim, os dois foram atrás de todas as providências e perceberam que aquele era um sonho possível: "continuar nosso tratamento e poder também levar isso a tantos outros que precisam e querem se recuperar". O método de Dardzinski visa, basicamente, estimular o corpo abaixo do nível da lesão na medula e como um todo. Consiste em trabalhar em posturas e em exercícios físicos intensivos, com repetições e constância no tratamento.


   Carlos Felix Ribeiro perdeu movimentos após acidente na piscina, mas sai à noite, namora e ainda faz projetos ‘radicais’. Músico, baladeiro e namorador, Carlos Felix Ribeiro Filho ficou tetraplégico aos 24 anos após um mergulho na piscina. Viveu as fases de choque e revolta, mas hoje é exemplo de superação por manter a capacidade de sonhar e fazer projetos, alguns deles ousados.
Uma de suas metas é montar ou fazer parte do primeiro time paraolímpico brasileiro de gbi sobre cadeira de rodas.  
Outro projeto já tem até nome: “Prêmio Superação Destaques”, uma homenagem a profissionais portadores de deficiências nas áreas de publicidade, design, música, literatura e artes plásticas.
Carlos é personagem real de uma causa que chama a atenção do Brasil por causa da novela “Viver a Vida”: a capacidade de adaptação de tetraplégicos que perdem grande parte dos movimentos e, mesmo assim, seguem em frente.


Tamires R. Souza Nº38                                                                                                    

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